Este livro nasce da escuta de uma figura que atravessa mitos, sonhos, narrativas e sintomas: o ladrão. Não o criminoso literal, mas o arquétipo — aquele que transgredi, que rouba o previsível, que desorganiza para revelar. O ladrão simbólico é aquele que entra sem ser convidado, que escapa pelas frestas, que nos confronta com o que tentamos esconder. Na psicologia analítica de Jung, os arquétipos são imagens primordiais que habitam o inconsciente coletivo. O ladrão, nesse campo, é o trickster: ambíguo, irreverente, criativo. Ele não respeita regras — mas também não destrói por prazer. Ele revela. Ele provoca. Ele mostra que, por trás da ordem, há desejo. E que, por trás do desejo, há risco. Na clínica, o ladrão aparece de muitas formas: no sintoma que insiste, no desejo que escapa, na palavra que fere. Ele é o que rouba o sono, o que sabota o plano, o que desvia o caminho. Mas também é o que salva. Porque, ao roubar o roteiro herdado, ele abre espaço para o sujeito escrever o seu.
O Ladrão Que Existe em Nós
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